“Se fossem brancas, isso não teria ocorrido”, diz advogado de irmãs constrangidas em loja

“Se fossem brancas, isso não teria ocorrido”, diz advogado de irmãs constrangidas em loja

Na manhã desta quarta-feira, 21, o Jornal da Fan deu destaque aos desdobramentos do caso de suposto racismo ocorrido há cerca de uma semana, na loja Marisa do Centro de Aracaju, onde duas mulheres foram coagidas e constrangidas depois que um funcionário da loja (ao que tudo indica, o gerente) chamou uma guarnição da Polícia Militar alegando que as mulheres estariam furtando mercadorias no interior da loja.

Ao vivo por telefone, o advogado Giordano Silva, que representa as vítimas, declarou que todas as medidas legais cabíveis ao caso já foram adotadas. O representante legal das mulheres analisou todos os elementos que cercam o fato e confirmou que, sob a ótica jurídica, o episódio pelo qual passaram a babá, Simone Matos, de 38 anos, e a empregada doméstica Mônica Mattos, de 46, na última sexta-feira, 19, configura, sim, crime motivado por preconceito racial.

“Está sendo preparada uma ação de indenização na esfera Cível. Fatos novos decorrentes do acontecido ainda surgem, como a demissão de uma funcionária, o que fortalece a nossa tese de que a empresa cometeu, sim, ato ilícito. Sobre a conduta racista, a Delegacia de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV) está aguardando o recebimento dos depoimentos dos envolvidos para dar início à investigação”, explica o advogado.

Giordano ainda fez ressalvas quanto à abordagem dos policiais, que ele diz ter sido irregular. Segundo o representante das vítimas, a Polícia Militar só deveria ter sido chamada caso a tentativa de furto ou roubo fosse confirmada por funcionários da loja.

“Também iremos entrar com uma representação contra a Polícia Militar, que procedeu com uma abordagem totalmente irregular. Existem os profissionais da área de ‘Prevenção de Perdas’, que atuam justamente nessa função. Em caso de suspeita de furto, eles abordam com educação e discrição a pessoa suspeita. Essa abordagem inicial deve ser feita por esses profissionais. Caso seja confirmada a tentativa de furto, aí sim deve se chamar a polícia, para que conduza o autor do crime até uma delegacia. A polícia só poderia ter sido acionada se a tentativa de furto fosse confirmada e não em decorrência de uma mera suspeita”, ressalta Silva.

Neste sentido, falta treinamento adequado aos colaboradores do comércio varejista no tocante a identificar de maneira exata a ocorrência de casos de subtração de mercadorias. Na opinião de Giordano Silva, suas clientes foram, sem sombra de dúvidas, vítimas do crime de racismo.

“A própria loja noticiou que realizará novos treinamentos com seus funcionários, o que mostra que reconhecem que o treinamento realizado anteriormente foi deficitário. Certamente está configurado aí um caso de racismo. Sabemos que se fossem brancas, isso não teria ocorrido. Sobre isso não há dúvidas”, concluiu o advogado.


Fonte Fanf1 

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